Itapoã

A comunidade pesqueira da praia de Itapoã (Vila Velha, ES) é composta por pescadores e pescadoras artesanais, incluindo os catadores e as catadoras de sururu, cujos barcos ainda mantêm a tradição da pesca de pequeno porte, feita em baiteiras a remo ou motor de baixa propulsão. A comunidade é bastante conhecida pelas tradicionais puxadas de rede que ocorrem na praia, momento em que pescadoras e pescadores reunidos cercam grandes cardumes e juntos recolhem as redes repletas de peixes. Também é tradicional o processo de comercialização e queima do sururu que é feito no fogo à lenha, na beira da praia, a fim de extrair a carne do mexilhão, ação que ocorre após o retorno das pescarias realizadas nas ilhas próximas à costa. Cabe acentuar que, ao longo da sua história, a pesca

em Itapoã foi sendo paulatinamente sufocada pelo crescimento urbano e pela especulação imobiliária na orla, desde então tem sido alvo de um processo violento de gentrificação.

Nesta seção da Casa das Águas, visitantes podem observar imagens fotográficas organizadas no formato de narrativas visuais e relatos de pessoas entrevistadas: depoimentos transcritos, áudios (podcasts) e vídeos. O acervo é fruto dos trabalhos realizados pelo GEPPEDES/UFES (Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento), no âmbito de projetos de pesquisa e extensão que foram desenvolvidos entre os anos de 2012-2013 e 2023.

Embora não se tenha registro do ano em que os primeiros pescadores chegaram à Itapoã, sabe-se, contudo, que já estavam por lá muito antes do início da urbanização do bairro. À medida que o processo de ocupação urbana foi se intensificando na orla de Vila Velha, o que ocorreu mais densamente a partir das décadas de 1980 e 1990, a comunidade pesqueira passou a ser afetada diretamente, pois com a valorização dos terrenos à beira mar veio a construção de grandes edifícios de alto padrão e o paulatino esforço para expulsar a população pescadora. Desde então a comunidade sofre com as sucessivas pressões do mercado imobiliário que tenta a todo custo adquirir os imóveis dos antigos(as) pescadores(as), muitas vezes a preços bem abaixo do valor de mercado. Por conta disso, muitos foram obrigados a se deslocar para as periferias de Vila Velha, para lugares mais distantes do mar, impossibilitando a continuidade do trabalho na pesca.

Esse processo grave de gentrificação em curso, que busca apagar as práticas, os modos de vida, as memórias e os saberes atrelados à pesca nesta localidade, em favor da especulação imobiliária e do lucro, tem se configurado como um ato político de cunho higienista e por que não dizer racista, considerando que a população pesqueira atingida possui, em sua maioria, a pele negra, evidenciando a origem ancestral da pesca em Itapoã. Um ato político que está sendo posto em marcha por vários agentes: a vizinhança rica dos condomínios de luxo, que almeja manter a segregação social (racial) e espacial; o capital imobiliário e também a própria administração pública municipal, que não reconhece a história e o valor da tradição da pesca artesanal em Itapoã, tampouco promove ações em prol dos(as) pescadores(as).

Todavia, a comunidade tenta se mobilizar. Sua luta tem sido diária, em prol do reconhecimento de suas práticas e do direito à permanência de seus modos de vida na praia e nas águas de Itapoã. A comunidade é formalmente representada pela Colônia de Pescadores Z-2 de Vila Velha. Há algum tempo a comunidade demanda a organização de um mercado de peixes na beira da praia, por meio da construção de uma estrutura

adequada, dentro das normas sanitárias, que permita que a comunidade possa tratar e comercializar os pescados frescos, como sempre foi a tradição e como já ocorre em outras comunidades pesqueiras litorâneas do ES. Fontes:

-TRIGUEIRO, A. e KNOX, W. Imagens da Pesca Artesanal no Espírito Santo. Vitória, ES: Editora GM, 2013.
-KNOX, W.; TRIGUEIRO, A. (Org.) Saberes, Narrativas e conflitos na pesca artesanal. Vitória: Edufes, 2015.
-JESUS, A. C de. MARTERRA (pescadores de Itapoã). Coordenação de Folclore, Sub-Reitoria comunitária/UFES. Itapoã, Vila Velha, 1984.
-Trabalho de campo e entrevistas realizadas entre 2012-2013 e 2023 com pescadores e pescadoras na comunidade pesqueira de Itapoã (Vila velha, ES).

Narrativas Visuais

Barcos e Redes

Pescado

Marlúcia, Pescadora Artesanal Marisqueira

Wagner, Pescador Artesanal

Processo de gentrificação do litoral

Entrevistas

Marlúcia, Pescadora e Marisqueira Artesanal (parte 1)

Marlúcia conta para a equipe do Casa das Águas como que é o dia-a-dia na pesca artesanal e as dificuldades enfrentada pela comunidade de Itapoã.

Marlúcia, Pescadora e Marisqueira Artesanal (parte 2)

Marlúcia conta para a equipe do Casa das Águas como que é o dia-a-dia na pesca artesanal e as dificuldades enfrentada pela comunidade de Itapoã.

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

Barcos artesanais e a Regularização
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o pescador artesanal Wagner Villa Flor conta a dificuldade criada pela prefeitura para regularização dos barcos, dado que muitos foram feito de forma artesanal há muitos anos atrás.

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

O que é ser pescador artesanal para você?
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o pescador artesanal Wagner Villa Flor qual a importância que tem pra ele a pesca artesanal.

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

Para Onde Foi o Peixe?
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o pescador artesanal Wagner Villa Flor conta sobre as mudanças ocorrida na pesca na praia de Itapoã.

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

Cotidiano de um Pescador Artesanal
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas, Wagner Villa Flor conta como é o seu dia-a-dia, vivendo como pescador artesanal na praia de Itapoã

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

como é o cercamento do cardume?
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o pescador artesanal Wagner Villa Flor conta como os pescadores da praia de Itapoã fazem o cercamento dos cardumes de peixes.

Wagner, pescador artesanal de Itapoã

Como é o Ofício da Pesca?
Nesta entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o pescador artesanal Wagner Villa Flor conta é o oficio da pesca na praia de Itapoã

Entrevista Jean, pescador artesanal

Nessa entrevista concedida à equipe do Casa das Águas os moradores da comunidade pescadora de Itapoã, localizada na cidade de Vila Velha, ES, compartilham um pouco de suas lembranças de sua infância, da sua vida enquanto pescador e dos desafios enfrentados na comunidade.

Entrevista Marco, pescador artesanal

Nessa entrevista concedida à equipe do Casa das Águas o morador da comunidade pescadora de Itapoã, localizada na cidade de Vila Velha, ES, compartilham um pouco de suas lembranças de sua infância, da sua vida enquanto pescador e dos desafios enfrentados na comunidade.