Mudança na Pesca Artesanal e Conflitos Com a Pesca Industrial

Depender da pesca hoje, é muito complicado. É porque são muitas pescas predatórias que ocorrem aqui no nosso território como traineiras, outros barcos, balões, aí quer dizer, eles fazem a dragagem de uma lama que tira dali, aí eles têm que jogar isso aí não sei quantos quilômetros lá pra fora aí muitas vezes vão ali pertinho ali, onde que não é pra ele jogar, ele joga, aí acaba matando nossos pesqueiros.[…] Os camaroeiros que vêm aqui, […] saem de Guarapari, de Anchieta, saem daqui do Porto de Vitória, Da Praia do Suá, […] essa área aqui é proibida eles baloarem aqui, mas não tem fiscalização, aí eles vêm aqui, só falta subir em cima da areia da praia, quer dizer, destrói o nosso ambiente, aquela rede dele, passa no fundo, vai destruindo tudo, destrói a vegetação e muda o ambiente, né? […] Aí vem as traineiras, e começa a cercar aí por fora aqui, não tem fiscalização, aí acontece, eles pegam todo peixe, a gente vai ali e pega 20 kg de peixe, 30kg, quando pega, eles vão lá e pegam toneladas, 2, 3, 4, 5 toneladas com a rede daquela traineira. Aí quer dizer, o peixe que é pra vir pra cá, pra Orla, pra gente, na beira da praia, não tem acesso mais pra gente, porque já pegaram tudo lá por fora, aí a gente fica com as migalhas, né, o que sobra, se é que sobra alguma coisa ainda. […] Várias vezes elas chegam ali, é um barco que era pra sair lá pra fora pra pescar mais ou menos, ficar uns 15, 20 dias lá fora. Ela vai aqui na costa aqui ó, um dia, dois dias ela já tá voltando. […] Eles têm que trabalhar? Tem. Mas eles também têm que aprender a respeitar o espaço do pescador artesanal. Porque eles estão espremendo a gente, sufocando a gente de uma tal maneira que não tem pra onde a gente correr. […] E a gente tem que se virar, né? Do jeito que dá. Quando não dá pra pescar, a gente vai arrancar o marisco. A gente também faz passeios, transporte nas ilhas, entendeu? Leva o pessoal pra passear nas ilhas. […] É sobrevivência, né? É o modo de sobreviver.