Saberes na Pesca: Tecer Redes e a Relação Com o Mar

Eu tenho 71 anos e pesco desde 14 anos de idade. […] Aprendi com meu tio. Eu olhando, ele fazia. Fazia, ficava olhando, aí eu aprendia eu mesmo.  […] Minha mãe fazia a rede, eu ficava olhando e aprendi, […] eu aprendi sozinho mesmo. Fazendo, dava errado eu desmanchava e fazia de novo, até que aprendi a fazer. […] [Hoje] tenho o meu barco [baitera], tem dois, três motores, tenho 140 redes. […] Pesco tudo quanto que é qualidade do peixe, o tipo de peixe que tiver no mar. […] Eu me sinto bem, me sinto à vontade no mar. O dia que eu quero ir eu vou, trabalho pra mim mesmo, vou todo dia, eu me esforço pra ir todo dia. Só não vou quando o mar não está bom. Às vezes, quando o pescador de manhã quando saindo pro mar, eu já voltando. Às vezes, eu passo a noite pra fora. Aí, ó, fica a noite tontinha lá. […] Se eu não vou pescar, eu fico agoniado. Pra mim não bom, fica aqui sentado agoniado, mas não me acho bom, me acho bom de que eu saio de manhã cedo e vou pescar. Aí eu durmo bem. O dia que eu não vou pescar, eu não durmo bem nem nada. Fica agoniando. Até não tenho apetite, pra comer bem nem nada. Costumei com o negócio de mar, não tem jeito.