O acervo aqui disponibilizado foi, inicialmente, organizado por uma pequena equipe com o firme propósito de pôr em prática a divulgação pública, na forma de um acervo virtual, das histórias dos povos pescadores que habitam o litoral do Espírito Santo, juntamente com as afetações que estes vêm sofrendo. No início, era apenas uma ideia compartilhada entre uma docente e um pequeno grupo de estudantes de graduação da Universidade Federal do Espírito Santo. Uma ideia que foi mobilizada a passos lentos e coletivamente.

O trabalho de pesquisa e organização do acervo começou a ser realizado a partir do banco de dados do Grupo de Estudos e Pesquisas em Populações Pesqueiras e Desenvolvimento (GEPPEDES/UFES), que é coordenado por Aline Trigueiro, docente atrelada ao Departamento de Ciências Sociais da UFES. Desde 2011, por meio da realização de ações de extensão e pesquisa junto às comunidades pesqueiras, o Grupo conseguiu reunir um conjunto variado de materiais: produção audiovisual, fotografias, relatos/entrevistas, documentos, etc., que contam fragmentos do cotidiano de alguns povos pescadores do Espírito Santo. Esse material possuía um potencial para se tornar um significativo conjunto de narrativas da pesca artesanal (embora não abarcasse a totalidade das comunidades do ES), mas precisava ser organizado e sistematizado. Foi esse o nosso ponto de partida.

Entretanto, a transformação do banco de dados do GEPPEDES em um acervo virtual não foi (nem tem sido) tarefa fácil. Os empecilhos são muitos, dentre os quais a falta de recursos. Conseguimos alguns apoios, aos quais agradecemos: da PROEX e PRPPG da UFES, fomos contemplados com uma bolsa PIBEX (entre 2020-2024) e uma bolsa PIIC (entre 2021-2022) e, com isso, pudemos ter bolsistas engajados na proposta; da FAPES fomos contemplados no Edital de Extensão do ano de 2022, o que nos permitiu ampliar o número de bolsistas e intensificar os trabalhos de campo e entrevistas em algumas comunidades pescadoras da Grande Vitória.

No curso do processo de formação do acervo, já no ano de 2023, a Casa das Águas se torna um Núcleo Museu da Pessoa, rede que agrega projetos (em âmbito nacional) com o objetivo de promover a escuta e valorizar as experiências humanas como parte da memória do país. Esse vínculo nos trouxe imensa alegria.  

A Casa das Águas é um projeto em contínuo acontecimento. Mantemos o desejo e a intenção de ampliar as histórias e incluir mais comunidades pescadoras no acervo. A pesca, sobretudo a artesanal, é uma atividade importante, que marca a história do ES tanto econômica quanto culturalmente. E, por isso, ainda há muito o que registrar e divulgar!

Escrevemos aqui os nossos agradecimentos a todas as comunidades pescadoras que fizeram parte desse projeto. Nosso compromisso é com vocês, com as suas lutas e histórias.

Também queremos fazer uma menção especial às pessoas que se engajaram no projeto como bolsistas e/ou voluntárias. A vocês, um fraterno agradecimento.