Transformações socioambientais pelos empreendimentos e abandono social

Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2016

Na verdade Barra do Riacho sempre foi uma vila de pescadores né até 1980, era uma vila, me lembro que no rio tinha o pescador, pescava, vivia da pesca né, era fartura de peixe né, os pessoal com os barcos vinham no mar vinha abarrotado de peixe. 

E com a vinda da Aracruz Celulose, hoje Fibria, aí esse contexto foi um pouco mudando né, a estrutura e tal, começou.., mas mesmo assim, só com a Fibria ainda tinha ainda assim  (…) o que prevalecia era a pesca, entendeu? Por quê?! Porque a Fibria dando início ao pessoal que trabalhava nela veio tudos lugares: Paraná, Santana Catarina, Rio Grande do Sul, e se instalou a Fibria né, a Aracruz Celulose na época, é (…) apesar do empreendimento ser do lado da comunidade, ela assim, foi uma falha muito grande, porque não tinha aquela organização (…) não tinha, pessoal era muito simples né, num esquentava muito com essa vila de pescadores e tal, a Fibria construiu o bairro Coqueiral pra colocar os trabalhadores dela, e no entanto seria muito mais fácil ela ter o investido aqui né, melhorado a infraestrutura, então eles cuidavam do bairro lá e aqui (…) quer dizer, quem era funcionário da Fibria, da Aracruz Celulose, morava lá em Coqueiral lá, e a maioria era tudo de fora, do Brasil todo. E quem trabalhava nas empresas contratada dela, o lugar mais próximo pra eles ficar era aqui na Barra do Riacho, aí criou um bolsão de pobreza aqui dentro imenso, entendeu?! O pessoal que tava aqui contruindo, na parte da contrução civil foi só vim aqui pra Barra do Riacho começou a vim muitos problemas né que (…) até hoje né, prostituição, droga a gente que não via muito não, não via muito sim.. mas assim prostituição era muito né, muita gente de fora, aí contruíram, surgiu né casas de protituição, muita coisa mesmo, era tenso mesmo.

​Barra do Riacho sofreu muito né, com esses impactos dessas empresas né, veio a expansão da Portocel, veio a Canexus, veio a Evonick Degussa (…) foi crescendo né, as empresas né ao redor, depois veio a Jurong, veio a TADR que é o Terminal da Transpetro né (…). A Secretaria do Meio Ambiente, o IEMA é (…) foi muito omisso diante das condicionantes né que liberam, que quando liberam  o empreendimento das empresa, o IEMA né, principalmente o IEMA né, ele é responsável pelas empresas de maior porte ela (…) o IEMA que libera que as empresas se instala aqui e coloca várias condicionantes pra empresa, só que depois ela não fiscaliza, e (…) aí fica assim né, aí a empresa vem fica cheio de lero lero com a comunidade e tal, aí fala que vai fazer isso, vai fazer aquilo dentro da comunidade e acaba não acontecendo nada e quando a gente vai cobrar eles fala assim óh: o que a gente pode fazer é pagar nossos impostos com o poder público, o poder público é responsável pra devolver isso daí pra vocês então é (…).