Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2017
Entrevistado(a): Ah, eu comecei a pescar com o meu tio (…). E eu vinha do sertão, trabalhava na roça. Então, eu vinha pra poder não perder o lugar e pescar com eles. Eu era tão pequeno que eu pescava assim: o mestre na frente, em cima dum paneiro, e eu pescava ali. Eu era pequenininho.
Entrevistador(a): E aí nessa época o senhor pescava de que?
Entrevistado(a): Ah, naquela época eu pescava um monte de peixes que desapareceram nessa época agora. Agora desapareceu a pescada, o roncador, xixado, alaruja, pescadinha alaruja, peroá… sumiu tudo. (…) Peroá também (…) dava um monte pertinho. Agora não, agora é há uma hora, duas horas, duas horas e meia de motor pra poder ir lá.
Entrevistador(a): Conta pra gente, um pouquinho da transformação que aconteceu aqui na pesca em Barra do Riacho quando o senhor era mais novo até agora.
Entrevistado(a): (…) quando eu trabalhava como um aprendiz de pescador, se encontrava muito peixe que hoje em dia desapareceu. Desapareceu o cação (…). Agora se eu for te explicar a você o tipo de cação que desapareceu daqui… Nós tinha aqui nessa região aqui o tal do cação espada (…): ele era no formato dum violão, ele tinha uma espada comprida, dum metro… fora o tamanho. (…) [E] esse peixe sumiu.
Entrevistador(a): Já tem tempo?
Entrevistado(a): Tem muitos anos. Tem mais de cinquenta anos [que] esse cação sumiu. Tintureira, era um cação que nós pegava aqui, era um cação brabo, tinha aqui, pegava no espinhão de corrente, botava na corrente, pegava o cação tintureira. Cabeça chata, o cação martelo, o cação paná. Sumiu tudo (…). [Tinha] o cação amarelo, era pequenininho; tinha o cação durinho. Desapareceu tudo.