Reflexos de um crime ambiental

Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2023.

Eu acho que isso aqui foi impactado sim, essa lama aí, entendeu? Acho que atingiu alguma coisa aqui do marisco aqui [referindo-se ao desastre-crime na Bacia do rio Doce]. Entendeu? Que não era assim, né? Nois tinha fatura. Né? Rapidinho ia lá, tirava. Agora nós vai lá, tira três latas e vai embora. […] Tanto é que teve um ano em fevereiro a março nós trouxemos setenta quilo no dia, tudo grandão, bonitão; acabou não tem meu sururu assim né? […] E outra coisa, tem muita lama, antigamente era só areia que vinha. Aí cê tira as pencas assim, agora é aquela lama preta por baixo das pencas, […] mata até as ostras se você quer saber, entendeu? Chega assim nas pedras rocha está tudo seco, assim, murchinha. Acabou tudo, é raro você encontrar a ostra, você encontra pra tirar pelo menos três quilos muito raro entendeu? 

[…] Olha, a ponte de Camburi aqui tá ficando toda assoreada agora não sei por que motivo tá ficando assoreada, eu com a bateira aqui encalho de vez enquanto, e não era assim, não sei onde tá vindo tanta lama assim, é muita lama mesmo entendeu? […] Inclusive o rapaz que estava medindo aí, botando o aparelho aí, ele foi constatado já. Aqui depois da ponte aqui diz que está bem rasinho mesmo, né? Está encalhando.