Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2023.
Eu já vim da família de pescador, né? Meu pai é pescador, meu tio é pescador e começamos aprender pra viver da pesca. […] Pesco desde nove anos de idade. […] Começamos a pescar com jangada né? Depois de muito tempo aí a canoa de pesca, de uma madeira só. Depois evoluindo durante o tempo aí começou a aparecer a embarcação de pesca e barco, mas não era motorizada, era barco a vela. Foi de um longo tempo aí apareceu o barco motorizado foi dar mais conforto pra gente. […] Era em Conceição Barra, depois me mudei pra Santa Marta, mas vivia aqui na Praia do Canto e na Praia do Suá. Foi aproximadamente em mil novecentos e oitenta quando eu comecei a pescar aqui na Praia do Canto. […] Antigamente tinha aqui um pescador antigo, né? Que chamava Dondon, que colocava a rede aqui na praia do Canto e em Camburi, era uma rede arrasto, cercava lá fora e juntava mais de vinte homens. Isso aqui enchia peixe, era dez, quinze toneladas de peixe né? […] Eram muita qualidade de peixe, muita pescada, muito Xarel, Robalo, […], mas devido ao longo do tempo, a dragagem, muito navio, o peixe foi ficando escasso e a gente foi começar a buscar o peixe mais fora. […] Onde era o Shopping, onde é Curva da Jurema, ali foi tudo aterrado, isso aqui foi tudo tombado com casca de sururu. Era tudo água, iam descascando sururu, não tinha onde dispensar e ia largado na beirada da maré e ia aterrando. Aquela rotatória é tudo casca de sururu aqui de baixo da terra. […] Depois de muito tempo começou a ter os comércios aqui na Praia do Canto e foi tendo esse atrito, e aí foi se afastando mais os pescadores, os novatos que veio não levaram o legado do dos antigos e é nessa situação que nós estamos hoje, né?
Meu barco é de seis metros e meio, eu pesco com ele em alto mar. […] Tem GPS, sonda, bússola, rádio comunicação, todo equipado. É pra segurança também, né? […] Eu saio e pesco com anzol, sai eu e mais três pessoas. Quando está em boas condições de tempo, a gente pesca praticamente trinta dias. E aí a gente depende da maré do vento.[…] A gente já ta habituado já entendeu? Então a gente sai e a gente vê na sonda, ela tem um gráfico se ela dá ondulação a gente daqui mesmo já volta, a gente sabe que a maré vai está correndo demais e que não vai dar condições da gente pescar. Quando ela tá toda reta sabe que a maré está parada e a gente sai produzir e pescar. […] Pegamos Pardo, Cioba, Dentão, Garupa, Badejo, entendeu? Variedade de peixe, a gente nunca pega uma quantidade de peixe só, é igual no camarão, a gente vai pegar o camarão, às vezes vem mais de vinte espécies de peixes no mesmo camarão. […] Semana passada eu saí, eu saí matei o dia todo, dez quilos de peixe. Pra quem saia saía às duas da manhã, chegava às quatro da tarde, com mil quilos, dois mil quilos de peixe pra dez quilos a diferença tá muito grande e cada dia tá se tornando pior ainda.