Geração, tradição e histórias na pesca

[…] Aqui da Praia do Suá, meu pai chegou de Portugal com dezoito anos aqui, morreu aqui pescando, eu nasci aqui também, nós somos nove em casa. Meu irmão é pescador a vida toda. […] Ah eu morava aqui ó, na casa do lado aqui, isso aqui era todo mato aqui tinha poucas casas, aí depois o português começou a invadir aí, fazer a casinha. […] Eu pescava, graças a Deus também sempre pesquei, estudava a noite tudo, aí depois me formei, depois fiz uma prova da Vale, passei. Aí trabalhei lá vinte e cinco ano. Aposentei-me na Vale. Aí vim como presidente da colônia, desde noventa e nove como presidente, nossa eleição é de quatro em quatro anos. É agora esse ano esses quatro anos que vai ser vai ser o me último.  

[…] Tudo, isso aqui é tudo mar. Pescava aqui à vontade aqui, muito peixe aqui, camarão. Cê pescava e matava dez quilos de camarão. Aqui onde agora é o posto de saúde. É isso aí, ali tudo era mar, tudo era bom. Aí depois a capitania veio. […] Eu tava com uns treze anos, catorze anos, eu tenho cinquenta e dois anos. Foi em sessenta e três. É nós ficávamos ali, bebendo, ali onde é o Hospital São Pedro ali tinha uma sombra, aí a tarde que os caras correriam tudo pra ali, a tarde, ficava sentado ali conversando fiado.  Mas aterrou até a curva da Jurema pra cá e depois parou vários anos, até que fizeram a ponte primeira e depois continuou. […] E o Jesus de Nazaré ali tinha é quase até uns dez moradores aqui, pouca gente, entendeu? A casa aqui, outra ali, tudo, não era nem habitado. Na verdade, aquilo ali era as nossas melhores praias, ali tinha uma praia que ficava lotada, o ônibus parava ali pro pessoal correria pra lá, se chamava Praia das Castanheiras, eu só tomava banho ali. Não tinha praia pra cá. Aí depois que a draga começou a pra cá aí fez a curva da Jurema, tudo foi feito através disso. […] E o morro da Garrafa. A gente fala morro da Garrafa porque tinha uma garrafa lá em cima, grandona, era feita de cimento, até hoje ninguém sabe de onde vinha aquela garrafa. Aí depois teve aquela curiosidade, falavam tem ouro dentro. Aí o pessoal foi lá e quebraram a garrafa e viu que não tinha nada dentro. Foi verdade. Nós participamos aí. Garotada de martelo, meteu o pau. Saudades dessa época.