Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2023.
Eu pesco desde criança, eu tive o meu avô, morreu com 96 anos, ele era pescador profissional, era de Manguinhos, né? Meu avô fazia rede de saco que pegava em feira, fazia redinha dele, porque antigamente parece que para você comprar nylon você comprava em metros, você não comprava em rolo, é difícil, então ele fazia a rede dele, que ele pegava os sacos, né? […] Entrei para pescaria profissional em 2010, eu pescava desde sempre, vinha aqui, puxava a rede e era conhecido, né? O pessoal tudinho, então vinha, pescava, ajudava na rede e tal, mas sem profissional, eu tinha outro emprego, trabalhava fora, mas aí desde 2010 que eu estou na pescaria, só na pescaria, só vivo da pesca. […] Eu tenho uma filha, fez 13 anos agora dia 28, né? Eu crio ela desde que ela nasceu, praticamente sozinho, com um ano e um mês a mãe separamos então eu crio ela sozinho mesmo. […] Eu venho pro mar de manhã, e vou embora só de noite, por quêe? Porque eu tenho que vender meu peixe ainda, né? […] Eu tiro foto do meu peixe e posto para os meus clientes, aí eles querem peixe, já limpo tudinho, e já saio para entregar, aí chego em casa lá pras dez horas da noite, entendeu? […] Aí tem vezes que eu pesco de noite, chegou a época da espada, e a pescadinha, a pescadinha tem época que ela está comendo de noite, então pescador se reúne aqui, ó, nós vamos pescar de noite, então sai de noite, dez horas da noite e volta de manhã, entendeu? […] É desse jeito aí, eu briguei muito para ter minha carteira, porque entrei na justiça, né? Ficou não sei quantos anos foi na defensoria pública federal, meus documentos foi para Brasília, eu tive que provar, tive que tirar foto, ter vídeo, ter vários documentos de tudo, eu estou com uma pasta dessa grossura assim, ó, de documento que a justiça pediu para mim provar que eu era pescador, né? […] uma luta desde 2014, eu brigando, consegui aguardar ano passado, que eu consegui ter minha carteira. […] Eu tenho três embarcações, só que só uma que está funcionando e duas está reformando, […] tenho duas redes, fica uma no barco a outra tá embarcando. […] Eu pesco mais de linha, rede é mais de vez em quando, entendeu? […] Geralmente a gente pesca com dois anzol na linha, duas, três linhas que a gente usa, é dois anzol, só quando a pescaria da peroá que a gente usa mais anzol, o pessoal daqui da praia de Itapuã é no máximo seis anzol. […] Rapaz, olha, eu gosto, me sinto bem, me sinto feliz pescando, sempre gostei de pescar, então juntei o útil ao agradável, né? […] Hoje o mar praticamente é minha vida, né? Porque eu vivo do mar, então é minha vida, é minha e da minha família.