Mudança No Litoral e No Cotidiano do Pescador

Isso aqui, na minha época aqui, era mato. Barraco de madeira a gente tinha aqui na casa. […] Essa orla aqui todinha era família de pescadores, até lá embaixo, onde é aquele prédio grande lá, era tudo moradores que tinham nesse outro prédio grande ali também. Aqui também era outra família. […] Muitos foram embora. Venderam e foram embora, foram morar lá na região 5. […] Até meus 20 anos ainda tinha alguma coisa, mas depois mais nada. Desde dali só vem crescendo, só prédio, essas obras comprando aí, empresa comprando, lote, né? […] Nós somos nascidos e criados ajudando a fundar. […] Às vezes a pessoa não quer nem sair do lugar que nasceu, né? Mas, como a corda aperta, ela tem que estourar de algum lado, né? Aí sempre estoura pro lado mais fraco. […] Aí hoje em dia vem esses arranha-céu aí, ó, que por lei é proibido, né, mas no nosso país manda quem tem, né. Então a gente acaba ficando acuado, aí chega imposto caro, IPTU e vai te prensando, se você não tem condição, você vai vender e vai procurar onde dá pra você morar. É isso que está acontecendo hoje em dia. […] Na realidade, na beira da praia, eles não querem pobre na beira da praia, não querem pescador nenhum. É uma classe que é meio que na vista deles, eles não querem isso aqui. Eles querem ver isso aqui igual uma Copacabana. Eles não querem pescador na beira de praia. […] A gente resiste porque a gente é pescador artesanal, por eles já teria acabado, né? Mas a gente é cultura.