Desastre Ambiental e Mudança Na Atividade Pesqueira

Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2023.

Essa barragem, essa lama de Mariana eles falam que não afetou aqui, mas afetou sim. Antigamente você via se um cardume roxo ali, o pescador falava assim: ah aquele cardume é de sardinha, é de peixe espada. Hoje em dia você não sabe, aparece um roxo ali, você não sabe se é peixe, às vezes, é a lama que vem boiando aí, você vai lá, passa a rede, e nada. […] Antigamente você falava assim: ah deu uma trovoada, pode correr pra praia que o peixe está lá. Hoje em dia você não precisa nem vir, não tem mais peixe. Por quê? Alguma coisa aconteceu, né? […] Hoje por exemplo, era um dia que eu gostaria de estar no mar, mas cadê os cardumes? […] Hoje em dia quase ninguém mais vai pro mar a remo, vai a motor, ninguém vai a remo porque pela distância que está o peixe, antigamente o peixe estava aqui, ó, na frente da ilha aqui você encostava a baitera ali, botava a linha para baixo, você pegava um monte de peixe. Hoje você tem que ir lá perto do navio, você tem que sair daqui quatro horas da manhã, cinco horas da manhã vai lá perto do navio, às vezes até para trás do navio tem pescador que passa atrás do navio para poder você pegar duas, três caixas de peixe, porque aqui você não pega mais, então você não tem como ir mais no remo, porque ficou muito difícil as coisas para a gente, para o pescador aqui ficou muito difícil, entendeu?