Fragmento de entrevista realizada com pescador(a) artesanal em 2017
Entrevistador(a): O(A) senhor(a) então era pescador de camarão e pescadinha?
Entrevistado(a): Pescador de camarão e pescadinha. Pescava era muito camarão, dava de quantidade mesmo.
Entrevistador(a) E onde era o pesqueiro [refere-se ao local de pesca] de camarão?
Entrevistado(a): Era ali onde é a Jurong. A Jurong veio e fez aquele cais ali e tomou o pesqueiro de camarão do pessoal. (…) Aterraram tudo aí e fizeram aquele cais, e aquele cais não deixa ninguém pescar. Acabou, ali acabou. [Também não pode] pescar lá no Rio Doce, tá até proibido agora por causa dessa lama da Samarco.
Entrevistador(a): Vocês perderam quantos pesqueiros com essas empresas?
Entrevistado(a) Ah, nós perdemos uns três pesqueiros. Tem outro lugar ali que a gente pescava camarão, nós perdemos também, e assim por diante. A Portocell, no lugar de pescar eles fizeram um cais, e não deixam ninguém entrar lá no cais pra pescar. E a Jurong tomou o lugar de pescar camarão, fez um pontal de pedra até lá fora e tomaram tudo. (…) Não posso botar rede pra cá, porque tem os navios que entram carregados. (…) Entra muito navio aqui. (…) E essa lama da Samarco quando veio, essa maldição, se pode se dizer assim, veio que arrebentou a barragem e despejou no Rio Doce. Passou uns dias e disseram que a gente não podia pescar mais.